Silêncio
O dia já estava pesado demais para aqueles motoristas, todos presos em suas rotinas e aquele sinal vermelho limitava tudo, tudo mesmo.
Dentro do pequeno tempo em que estavam, o homem do porshe percebeu que já havia passado muito mais de trinta segundos, e o sinal não mudava de cor. Os carros na outra via corriam aproveitando a parada da paulista. Ninguém havia buzinado, melhor, ainda não tinha começado.
O homem “anos oitenta” estranhou tudo e abaixou o volume e colocou a cabeça pra frente, queria certificar de que a luz vermelha estava lá, quieta, submersa em suas mini-lâmpadas, confirmado. Nenhum movimento.
O pai da família, supostamente com muita pressa, foi o primeiro a buzinar. Suas crianças, duas por sinal, pararam a agitação e olharam para frente perplexas. Os alunos também começaram a dirigir o olhar para o estranho semáforo.
Silêncio e mais uma buzina, dessa vez do taxista que estava perdendo tempo de trabalho. Já estavam cinquenta segundos parados e o trânsito ao lado corria normalmente.