A Primeira Corrida
A Paulista tremia junto com os destroços dos edifícios caindo. O barulho da serpente era medonho, criando uma mistura de terror com adrenalina nos motoristas.
“Anos Oitenta” era o que estava mais longe do bicho, corria feito um louco, com a língua pra fora e ouvindo o rádio no último volume.
Um barulho mais alto percorreu o corredor dos prédios, como se uma bomba fosse explodida em cima dos veículos, ecoando por um bom tempo. O taxista soltou um palavrão em espanhol e depois se desculpou com os turistas: “Falei que São Paulo não parava!” e riu. Eles, no entanto, não estavam achando nada engraçado.
Quando a serpente quase tocou no ônibus, último de todos, muitos jovens gritaram e o motorista esmagou o pé no acelerador. Uma lasca de construção bateu no teto e uma menina desmaiou. Ninguém estava tranquilo.
Exceto o garanhão do porshe que olhava diversas vezes para o retrovisor e pensando “Essa avenida não termina?”
Mal sabiam que aquela seria apenas a “primeira corrida”.